Como pastor de uma comunidade cristã, muitas vezes , fico horrorizado com o que aparece em termos de música gospel no cenário religioso brasileiro. Desde hinos de "restituição" a "...recebe a cura; recebe a unçãaooo..." o povo evangélico vai cantando e se enfarando com letras antropocêntricas entronizando o grande deus hedonista e egoísta que existe na alma do homem pós-moderno.
São verdadeiros "sons de ousadia" os quais ensinam o pobre crente a exigir a bênção tão "merecida". O que me fez escrever este pequeno texto foi exatamente um hino que ouvi, outro dia, o qual afirmava que o cristão precisava "acender a centelha divina que existe em cada ser humano". O que fazer diante de hinos com suas mensagens beirando ao pensamento gnóstico?? O que a Igreja brasileira pode esperar nos próximos anos em termos de postulados doutrinários ?
Pelo sincretismo que esta ocorrendo, em alguns setores da Igreja, não seria absurdo daqui alguns anos vermos nas livrarias evangélicas alguns produtos do tipo: "cartas de tarô gospel" ou algum hino antigo com sua letra alterada para: "...o Rei está voltando, o Rei está voltando . As trombetas estão soando: "Maytreia" vai voltar..." É claro que a letra deste hino que acabei de escrever foi apenas um recurso hiperbólico discursivo e que a Igreja de Cristo jamais será destruída pelo inferno e seus anjos. Contudo , os salvos do Senhor necessitam, antes de compôr algum hino ou preparar algum sermão, (lá estou eu falando sobre sermões. Prometo que voltarei à musica nas próximas linhas...) levar mais em conta a nossa Tradição Positivada (Hans Küng), ou seja, a Palavra de Deus a qual nos define o que é heresia e o que é ortodoxia. No pensamento do Rev. luterano Carl Ferdinand Wilhelm Walter o fato de uma doutrina ser biblica não significa que ela seja ortodoxa para o nosso contexto eclesial. Por exemplo, a circuncisão é bíblica; todavia não é ortodoxa! Percebo, muitas vezes, que alguns cantores de Deus, em nome do Eterno, tentam costurar o véu, que na cruz, foi rasgado (João Alexandre) tudo em nome da próxima festa do Dia da Expiação (Yom Kippur) misturando elementos da Antiga com a Nova Aliança e enquanto isto: o povo de Deus canta sem nenhum critério. Canta aquilo que lhe retini nos tímpanos ; pois, afinal: " Quem canta seus males espanta" Talvez possa estar surgindo aí mais um "sacramento" do homem pós-moderno.
Sei que corro o risco de ser etnocêntrico(Hebert Spencer), mas que saudades do tempo em que ouvia João Alexandre, Rebanhão , MILAD, Logos e tantos outros que compunham levando em conta o exame das Escrituras, pois , cuidavam ter nelas a vida eterna. Que saudades de cantores possuidores de uma hermenêutica sadia(passiva de definições) cujo o único objetivo era glorificar ao Senhor das nossas almas. Lembro-me com carinho de um hino do grupo Rebanhão denominado - Jesus é Amor- o qual realmente nos remetia à adoraçao ao Altíssimo . Como a Igreja precisa voltar ao Primeiro Amor e cabe a todos nós líderes e liderados olharmos para o passado afim de não cometermos os erros do presente em um futuro próximo.
NELE, que existe de eternidade a eternidade ,
SOLI DEO GLORIA
Rev. Luis Fernando Silveira