PAC

A PAC é uma comunidade que faz parte da Diocese do Recife - GAFCON/FCA . Entendemos que o homem deve ser respeitado pelo fato de ter sido criado à Imagem e Semelhança de Deus. Entretanto o ser humano não guardou sua condição de comunhão com o Pai Celeste devido ao pecado. Por isso, a Palavra de Deus, quando anunciada sem legalismos e sem antinomismos, deve trazer conversão, arrependimento e salvação em Cristo Jesus.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

CRISTO É A NOSSA SALVAÇÃO

 
Penso que ao aproximar-se mais um 31 de outubro seria pertinente falar sobre o grande Reformador Martinho Lutero. Alguns o tratam como único, todavia, esta maneira de ler a história da Reforma da Igreja revela um certo estrabismo  da interpretação dos fatos e um comprometimento confessional que até certo ponto se entende. A Reforma também esteve no coração de homens que antecederam Lutero e, também, homens que o precederam. Não se pode  esquecer  de Savonarola, Francisco de Assis, Wycllife ou Huss. O que seria os XXXIX Artigos de Fé se não fosse a reflexão teológica do Gigante de Genebra Calvino?  O que seria da Igreja, nos dias de hoje, se não fosse os reformadores que continuam lutando pela conservação das Verdades Eternas em nosso meio apesar das relativizações que caracterizam nosso mundo pós-moderno?

Lutero nunca foi contra a Igreja Católica e nunca teve a intenção de criar outra Igreja. Queria ,sim, reformar a única Igreja Santa, Católica e Apostólica e não destruí-la.   Entretanto, a situação ficou insustentável entre o monge agostiniano e a Igreja o que o levou em 31 de outubro de 1517  a afixar na porta da Capela  de Wintenberg as  95 teses que eram possuidoras de uma essência questionadora de todo o ensinamento dado pela Igreja da época que não possuísse sustentação Escriturística.  Com isto “nascia” a Reforma da Igreja no ocidente tornando mais efetivo um anseio que já existia no coração de muitos àquela época.
A jornada do Reformador à capela foi marcada por uma série de conflitos espirituais (e quem não os tem???) pois queria ,a todo o custo,  agradar a Deus . Todavia não se achava digno para tal. Entendia, à época, que todo o ato de extremada penitência (muitas vezes praticando autoflagelo) o traria à plena paz de espírito  reconciliando-o com Deus.



Em 1507 foi ordenado sacerdote da Igreja Romana. Nove anos depois  tornou-se Doutor em Bíblia e professor em Wintetenberg tomando o solene voto: “ Juro defender a verdade do Evangelho com todas as minhas forças” guardando este voto até o fim de sua vida. Foi através do estudo da Bíblia (em uma época em que a maioria dos sacerdotes não estudavam e nem tinham acesso às Sagradas Letras) que Lutero  “descobriu” verdades “esquecidas” pela Igreja ao longo dos anos. Convidado a dar aula Martinho começou uma série de estudos exegéticos do Antigo Testamento e, depois, do Novo Testamento. Sua maior preocupação era fazer a vontade de Deus e nutrir seu rebanho. Um de seus principais obstáculos foi o de compreender o significado da expressão bíblica – “ JUSTIÇA DE DEUS”. Sua bíblia em latim continha as palavras “ JUSTITIA DEI”. O termo “JUSTITIA”  era comumentemente usado para justiça retribuitiva ou punição tal como os eruditos ensinavam. Em outras palavras, compreendendo desta maneira, ele (Lutero) terminou vendo Deus como um Juíz severo e irado e diante deste conceito o padre de Wintenberg não podia entender como Davi poderia ter orado: “...livra-me por Tua Justiça” Salmos 31:1. A palavra “justiça” ecoava no coração de Matinho como ira de Deus e punição eterna. Assim ele lutava contra a ira “divina” e ela queimava como fogo em sua consciência.

Finalmente ele voltou o seu estudo ao novo Testamento em busca de conforto e foi capturado pela mensagem de Paulo: “ Pois não me envergonho do evangelho porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê...”  . Continuou lendo: “ Visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho...” Rm. 1:17. Lutero não podia compreender isto. Será que o apóstolo Paulo estava dizendo que o Evangelho  é a revelação da Justiça de Deus??? Como poderia Paulo chamar o Evangelho de “justiça”? Era esta uma outra manifestação da Lei? Em caso afirmativo, então o Evangelho condenava o pecador!!! A Bíblia permanecia aberta enquanto ele ia aprendendo. Todavia a grande questão de sua mente era: “ Como Paulo poderia chamar o Evangelho de Justiça de Deus?”

Lutero releu o texto em seu contexto e encontrou: “Mas agora, sem Lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela Lei  e pelos profetas” Rm. 3:21. Sua visão clareou!! Pela graça de Deus ele compreendeu o que Paulo queria dizer: - A JUSTIÇA NÃO ERA ALGO QUE DEUS REQUERIA DOS HOMENS COMO OFERTA A ELE (DEUS); MAS ALGO, OU MELHOR, ALGUÉM QUE DEUS OFERTAVA NA CRUZ AOS SERES HUMANOS . Este Alguém  era, é e sempre será a Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Mediante Seu sacrifício expiatório ; Deus oferece a Justiça Pessoal do Filho do Homem como Seu precioso dom aos Seus filhos!! Essa é a salvação  que vem do EVANGELHO!!!!

A  salvação não está em um Cristo em nós!!! A salvação está em Cristo POR NÓS!!!  Isto significa que o Evangelho não requer de nós obras ou perfeição; mas oferece-nos o gracioso dom e a Perfeita Justiça de Cristo Jesus! “ Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” Efésios 2: 8,9. Assim somos justificados por Deus mediante uma justiça EXTERNA e FORENSE que vem da cruz que nos é imputada. A nossa justificação ocorreu a pouco mais de dois mil anos quando penduraram no madeiro o Filho de Deus. Nada que façamos de “bom” pode justificar-nos diante de Deus.

Não existe processo interior de ordem  humana  que consiga mudar a essência humana(que é pecadora) ou que religue o homem a Deus. Se caso tentarmos isto estaremos decaindo da graça e reconhecendo que ou o sacrifício na cruz não foi válido ou foi não suficiente requerendo de nós algo MAIS  para efetivar a justificação. Todavia sabemos que a morte de Cristo foi total e cabal para nos resgatar da maldição da Lei. A morte do Senhor Jesus foi substitutiva , ou seja, o que era reservado para mim e para você (a morte) recaiu sobre ELE(Jesus) e agora ELE nos dá a vida plena e comunhão com o PAI. E aí, então, esta salvação que nos é dada de graça (a redundância é proposital) não nos moldes da graça infusa ,conforme o Concílio de Trento  , nos constrange a vivermos em novidade de vida havendo uma transformação interior que se manifesta  na obediência à Palavra que vem de Deus.

Diante desta experiência do reformador de Wintenberg fico a pensar que na atualidade precisamos vencer a tentação de acharmos que podemos dar uma “mãozinha” para Deus no ato da salvação decaindo em um legalismo nocivo em nossos arraiais. Que Deus ilumine a nossa  mente e que saibamos que ao falarmos de Cristo, unicamente, a Mensagem da Cruz possa ser o foco de nossa pregação.  Somente Deus é o Autor e Consumador de nossa fé; por isso só podemos perguntar por ELE porque ELE é o responsável desta pergunta em nós!

SOLI DEO GLORIA


Rev.  Luis Fernando +

PAC / DR - RS


 


 

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